Fonte: MDIC

A convite da Rede Nacional de Informações sobre o Investimento (Renai) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), representantes do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) estiveram no ministério, nesta quinta-feira (12/9), para apresentar o estudo "Investimento chineses no Brasil: 2007-2012". A pesquisa foi realizada pelo CEBC, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e apoio institucional da Renai.

Para o coordenador-geral da Renai, Mário Neves, o seminário serviu para evidenciar os fatores determinantes para a entrada de novos empreendimentos, suas formas de ingresso (novos investimentos, fusões e aquisições, joint ventures) no país e os setores mais atraentes para sua atuação. “Assim, nossas entidades estarão mais preparadas para a formulação de estratégias efetivas para atração de investimentos não só da China, mas também de outros países asiáticos”, explicou.

Segundo ele, o evento ainda proporcionou aos atores federais envolvidos com a agenda de atração e promoção de investimentos um melhor entendimento sobre o processo de internacionalização das empresas chinesas. Participaram da reunião, representantes do Ministério do Planejamento, do Ministério das Relações Exteriores, do Banco Central do Brasil, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), além do próprio MDIC. 
Projetos
A apresentação foi conduzida por André Soares, Coordenador de Pesquisa e Análise do CEBC e um dos autores do estudo. Segundo ele, o ano de 2010 é considerado um marco da grande expansão do investimento chinês no país: foram US$ 13 bi, enquanto o período de 2007 a 2009 apresentou apenas US$ 600 milhões para esse fim. Os anos posteriores, 2011 e 2012, representaram  uma nova fase na relação de investimento entre os dois países, consolidando uma entrada significativa de investimento estrangeiro direto (IED) da China ao Brasil.
Segundo André Soares, não existiam projetos significativos antes de 2010 e a crescente demanda chinesa por matérias-primas e commodities e a necessidade de encontrar novos mercados para as exportações mudaram o panorama: foram identificados projetos chineses de investimentos de US$ 32,1 bi - US$ 10,7 bi já confirmados - no país entre 2011 e 2012. "A China descobriu o Brasil", avaliou.
O estudo aponta que os primeiros investimentos concentraram-se no fornecimento de recursos naturais – minerais, petróleo e gás e produtos agrícolas; em seguida, chegaram também ao setor de infraestrutura, especialmente nas telecomunicações e energia; depois, foi a vez dos fabricantes de automóveis e de produtos eletrônicos chineses buscarem os consumidores brasileiros. Atualmente, percebe-se a inclusão do setor de serviços nos planos dos chineses, representando a quarta etapa desse processo.

Motivos
As explicações para o fenômeno são múltiplas, segundo André Soares. "Não há fator determinante que explique esse movimento, mas diferentes fatores que contribuem para que ele ocorra", explicou.  Segundo ele, sobre os investimentos no setor primário, a crise global afetou o preço das empresas de mineração, petróleo e gás, abrindo oportunidades de negócios com a venda dessas companhias a baixo custo.

A ascensão econômica de parte da população no Brasil também influenciou o movimento. "A inclusão da nova classe media brasileira no mercado de consumo gerou demanda para manufaturas chinesas, que busca novos mercados devido à saturação na Europa e EUA", ressaltou. Segundo dados do MDIC, a China fechou o ano passado como maior parceiro comercial do país, sendo a principal origem das importações brasileiras e grande destino das exportações nacionais.