A base logística do Brasil, hoje,
está montada encima do transporte rodoviário e estamos cansados de ouvir,
através dos meios de comunicação, que as estradas brasileiras estão em péssimo
estado de conservação. O modal ferroviário, que por sinal tem um custo menor,
quando comparado com o rodoviário, foi sucateado ao longo dos anos. O governo
brasileiro tem nas mãos uma alternativa viável, de baixo custo e pouco tem
feito no sentido e tornar aplicável a utilização dos rios brasileiros para o
transporte da produção, principalmente a de grãos. O governo concorda que o
transporte hidroviário é uma alternativa para escoamento da produção, mas não
coloca os investimentos necessários, como prioridade, nesta modalidade.
O Brasil está atrasado em décadas
e vêm perdendo parte das hidrovias, existentes, em função do assoreamento dos
rios. 50 anos atrás o Rio Grande do Sul tinha 1200 km de hidrovias e hoje conta
somente com 800 km navegáveis, pois a dragagem está parada há 12 anos pelo
governo estadual. Há outros casos, como o do Rio Madeira, onde a licitação
demorou tanto para ser aprovada que os bancos de areia, no leito do rio,
mudaram de lugar e a dragagem estava sendo feita com base nos levantamentos de
três anos atrás e consequentemente o dinheiro gasto estava indo rio abaixo.
O Brasil tem 63000 km de rios,
represas e lagos navegáveis, mas somente 7% da carga, brasileira, é
transportada por hidrovia. É necessário planejamento e investimento em
hidrelétricas e eclusas, para tornar possível a utilização de toda a
capacidade, hidroviária, disponível. Algumas hidrelétricas já tiveram seus
projetos executados e a construção das eclusas não foram planejados e desta
forma, a construção posterior, torna o custo 10 vezes maior, como é o caso da
eclusa do Rio Tucuruí, onde foram gastos R$ 1,6 bilhão, levando 3 décadas para
construção e ainda não pode ser utilizada, pois não foi executado parte do
projeto que é a retirada do Pedral do Lourenço, que são 43 km de rochas que
impedem a navegação, que tinha previsão de execução para Julho de 2011.
O setor produtivo cobra, do
governo, investimentos em hidrovias, pois conforme Edson Vaz Ferreira, diretor
do Movimento Pró-Logística, a redução no custo do frete seria da ordem de 55%. Um
transporte eficiente, barato e ecologicamente correto. Com investimento de R$ 9
bilhões, nos rios Tocantins e Jurema-Tapajós será possível economizar R$ 3,7 bilhões/ano em
transporte rodoviário que significam 450 mil viagens de carretas em estradas já
mal conservadas e congestionadas.
Com a construção de 6 eclusas no
rio Paranaíba será possível viajar 760 km, carregando 6000 ton. em cada comboio
de 4 barcaças o que significa a retirada de 40 carretas das estradas. No
transporte hidroviário, a cada 1000 ton. transportada, gasta-se 4 litros de
diesel por km, no ferroviário o gasto é de 6 litros e no rodoviário sobre para
15 litros por km rodado. Com a implantação da hidrovia do rio Teles Pires,
utilizando-se o porto de Santarém, para chegar aos mercados da Europa, Estados
Unidos e Ásia, será possível economizar 1,7 milhão de viagens/ano, que equivale
a 4700 carretas/dia para transportar os 50 milhões de ton. ano de grãos
produzidos pelo MT. Uma saca de milho sai da fazenda a um custo de R$ 9,00, o
transporte rodoviário até o porto de Santos agrega mais R$ 18,00 ao custo, isto
é o dobro do custo do produto. Utilizando a hidrovia Teles Pires este custo poderá
ser reduzido a R$ 1,00 por saca, isto é, uma economia de R$ 2 bilhões em
combustível por ano.
O governo tem planos de investimentos, através do ministério dos
transportes. A previsão é de passar de 25 milhões de ton./ano, transportadas hoje,
por hidrovias, para 120 milhões de ton./ano, até 2025. Isto significa um
investimento de 26 bilhões quem envolve o governo e a iniciativa privada.
Os planos existem, o difícil é fazê-los saírem do papel. Desta forma, a
integração dos modais de transportes, continua a ser um desafio para a economia
brasileira.
By: JRMarçal